domingo, 28 de setembro de 2008

Nos últimos tempos, tenho apercebido (por observâncias) uma sutil doença na humanidade, a normose. Soube deste nome depois de realizar algumas pesquisas e esta palavra não foi forjada por mim, mas, sim, por Jean Yves Leloup.

Normose é a patologia da normalidade. Quer ver como a conhece?

Mulheres estranham a sua beleza original com olhares famintos incrédulos? Homens desejam a sua beleza singular com olhares espantados admirados?

Há olhares repressores duvidosos; há olhares repletos de superficialidade?

Conhece alguém que não possuí a coragem de virar a mesa contra o clichê social e assumir a responsabilidade pela sua maneira de pensar e pelo controle de sua vida?

Estes são os mentais e emocionalmentes doentes. Segundo o Livro de Bronze dos Neuróticos Anônimos, 95% da população fazem parte desta grande massa. Por isto, antes tinha a sensação de isolamento. Afinal, faço parte dos 5% restantes (risos).

Então, amigos atentem-se à sua saúde e a dos seus queridos. Abaixo, compartilho um trecho do livro NORMOSE, A PATOLOGIA DA NORMALIDADE, do Yves:

"A normose nos impede de sermos quem realmente somos. O consenso e a conformidade impedem o encaminhamento do desejo no nosso interior.

"Tornar-se uma pessoa é um caminho. Por intermédio de cada um, o desejo continua sua rota. Trata-se de ir ao encontro da identidade transpessoal. Não basta ser apenas eu, um ego. No interior de cada um de nós podemos sentir o chamado do Self. Através das experiências do numinoso, descobrimos que existe algo maior do que nós. Mas temos medo de enlouquecer, de perder o ego, de perder o que foi construído no ambiente das relações parentais, familiares e sociais. O que temos a perder são as ilusões: as imagens de Deus, as imagens de nós mesmos, as imagens que construímos do que seria um homem ou uma mulher bem-adaptada. A realidade, em si, é impossível de ser perdida.


Quando você se esforça pra ser
Um sujeito normal
E fazer tudo igual
Eu do meu lado aprendendo a ser louco
Um maluco total
Na loucura real
Controlando a minha maluquez
Misturada com a minha lucidez
Eu vou ficar
Ficar com certeza
Maluco beleza
Este caminho que eu me escolhi
É tão fácil seguir
Por não ter aonde ir

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Coisas e coisas

Coisas visíveis.
Coisas invisíveis.

Visíveis coisas.
Invisíveis coisas.

Coisas visíveis.
Coisas invisíveis.

Eu aprecio os detalhes do mundo invisível.
Eu sou um fragmento do mundo invisível.

Eu sou um mundo invisível!
Eu sou invisível!

Coisas visíveis.
Coisas invisíveis.

Visíveis coisas.
Invisíveis coisas.

Coisas visíveis.
Coisas invisíveis.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Escrevendo emocionada...

... brinco que eu já existia antes de nascer. Que sou uma velha ladra num corpo de uma jovem.

Há muito tempo conheço a intuição. Ela foi a minha única guia ao ponto de me sustentar sem amigos, mas isto é história para outro post.

Hoje, estou posicionada em um espaço em que, do meu lado esquerdo, eu já tinha conhecimento de tudo o que me aconteceu até este exato momento e, do lado direito, eu tenho a nítida visão do que vai acontecer. Para facilitar um pouquinho , é como se eu estivesse entre a minha consciência do passado e a do futuro. É como se eu fosse o vento entre as arestas da janela: você não o vê, mas sente que ele existe.

É uma sensação indescritível. Tentar traduzi-la seria dizer que embora houvesse pedras no meu caminho, acima de tudo eu acreditei em mim (e continuo acreditando!). Os mais íntimos sabem o tamanho dessas pedras.

Ontem, eu disse SIM para algo que me abriu a porta para hoje. Hoje, eu disse SIM para algo que abrirá mais uma porta amanhã.

É assustador e sem graça saber o que lhe vai acontecer na vida? Garanto que não. É, abundantemente, regozijador saber que fez melhor do que "prevera".

Esclareço que isto nada tem correlação com os chamados "previsão do futuro", tarô e companhia. É apenas uma observância (digo, ampla!) crítica do seu próprio ser. É decifrar todos os dias os próprios enigmas. É desamarrar os nós. É ser claro no pensar, no sentir e no querer.

Eu estou tão eufórica que nem a mais profunda respiração me acalma. Ao contrário, faz com que meus olhos umedeçam. É um êxtase sublime!

Enfim, é apenas um registro de que consegui estágio, numa nomeada editora, em pleno 2º semestre da faculdade e não estou apenas contente por isto, e sim, consciente de toda a minha jornada.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Baile surreal



Luzes serpenteando.
Sóis prateados.
Nuvens violeta.

Música que não se ouve.
Mas contagia.
Os pés.

Corpos nus.
Dançam.
Com suas máscaras.

Belezas veladas.
Mistérios encantadores.
Noite vazia.

Estou perdida.
No salão.
A olhar.

De olhos abertos.
As máscaras.
De todas formas e feitios.

No meio de todos.
Procuro a minha.
Levo as mãos ao rosto.

Dirijo-me.
A um espelho.
Escondido.

Ele mostra.
A minha face.
Nua.

Ninguém percebe.
O milagre.
Que ocorreu.

Quando alguém.
Perdeu.
A sua máscara.

Dias paulistanos

A urbanidade acinzentada cospe flores amarelas no alto da copa em frente ao arranha-céu.