quinta-feira, 28 de dezembro de 2006

CanSolidão


Eu te
peço
silêncio.

Eu te
peço
escuridão.

Eu te
peço
sopro.

Para apagar
o que
resta
da
chama
da
minha
vida.

quinta-feira, 14 de dezembro de 2006

Show - Caetano Veloso


O meu "queria querer estar no show do titio Caetano" foi tão forte que o show foi adiado. As notícias não revelam explicitamente, mas eu digo o óbvio: é porque estou doentinha.


Enquanto eu não posso cantar (porque a garganta dói!) vou digitando setecentas mil vezes as minhas canções preferidas dele. Aí vai a primeira (risos):

O quereres

Onde queres revólver sou coqueiro, onde queres dinheiro sou paixão
Onde queres descanso sou desejo, e onde sou só desejo queres não
E onde não queres nada, nada falta, e onde voas bem alta eu sou o chão
E onde pisas no chão minha alma salta, e ganha liberdade na amplidão

Onde queres família sou maluco, e onde queres romântico, burguês
Onde queres Leblon sou Pernambuco, e onde queres eunuco, garanhão
E onde queres o sim e o não, talvez, onde vês eu não vislumbro razão
Onde queres o lobo eu sou o irmão, e onde queres cowboy eu sou chinês

Ah, bruta flor do querer, ah, bruta flor, bruta flor

Onde queres o ato eu sou o espírito, e onde queres ternura eu sou tesão
Onde queres o livre decassílabo, e onde buscas o anjo eu sou mulher
Onde queres prazer sou o que dói, e onde queres tortura, mansidão
Onde queres o lar, revolução, e onde queres bandido eu sou o herói

Eu queria querer-te e amar o amor, construírmos dulcíssima prisão
E encontrar a mais justa adequação, tudo métrica e rima e nunca dor
Mas a vida é real e de viés, e vê só que cilada o amor me armou
E te quero e não queres como sou, não te quero e não queres como és

Ah, bruta flor do querer, ah, bruta flor, bruta flor

Onde queres comício, flipper vídeo, e onde queres romance, rock'n roll
Onde queres a lua eu sou o sol, onde a pura natura, o inceticídeo
E onde queres mistério eu sou a luz, onde queres um canto, o mundo inteiro
Onde queres quaresma, fevereiro, e onde queres coqueiro eu sou obus

O quereres e o estares sempre a fim do que em mim é de mim tão desigual
Faz-me querer-te bem, querer-te mal, bem a ti, mal ao quereres assim
Infinitivamente pessoal, e eu querendo querer-te sem ter fim
E querendo te aprender o total do querer que há e do que não há em mim

segunda-feira, 4 de dezembro de 2006

Uma criatura curiosa abriu uma caixinha qualquer e as palavras escaparam:

Delírio
5 anos
Vergonha
Desconfiança
Solidão
Loucura
Desproteção
Gritos
Nojo
Desapego
Impureza
Pecado
Descrença
Rancor
Silêncio
Dor
Frio
Segredo
Desatenção
Impunidade
Violência
Desamor
Sangue
Grande ferida
Depravação
Alma desvirginada
Lágrimas

Não julgue as pessoas sem antes abrir a caixinha delas.
Saiba como elas são e porque são.

sábado, 2 de dezembro de 2006

Pós sintonia


Naquela noite, ela o amou mais, como nunca havia amado.

Depois de pensar um pouco, ela viu que não havia mais motivo e nem razão e não conseguia perdoá-lo. Viu que não era possível começar de novo, porque a ferida que sangrou a acostumou a se sentir prejudicada.

Ela ainda não esqueceu o seu infeliz passado. Cada dia que passa o ama mais. Carrega a dor e a mágoa no coração. Ela descobriu que a ingratidão é uma pessoa.




* há trechos da música A MINHA GRATIDÃO É UMA PESSOA, do Nando Reis.

sexta-feira, 24 de novembro de 2006

A sintonia


Os cômodos tinham a suavidade do perfume do incenso venusiano. A atmosfera era de romantismo. Ela ainda descalça com o vestido preto de alcinha, longo e solto enche a taça com champanhe. Solta o cabelo e dança sozinha e lentamente à música You Have Been Loved.
Depois da terceira taça sente seus pêlos arrepiarem. Era ele que estava chegando, ela podia sentir pelo cheiro. Correu para calçar sua sandália prateada. Olhou ao redor e estava tudo perfeito: noite quente e céu estrelado.
A campainha toca, ela o recebe com um beijo úmido. Ele avista na sacada uma mesa redonda, duas cadeiras e velas acesas e friamente anuncia:
— Está tudo terminado entre nós!

segunda-feira, 6 de novembro de 2006

Pombos
feios

Feios
pombos

Pombos
tão feios

Feios
tão pombos


Disse a menina de rua, com o olhar lânguido, notando - e não acreditando - as pessoas jogarem o miolo do pão que pedira para comer.

sábado, 4 de novembro de 2006



A três semanas atrás fui etiquetada pela Karen. Encontrei dificuldade em listar cinco coisas estranhas que faço. Porque as faço com muita freqüência, ou seja, elas se tornaram normais {risos}:

• 1 •

Gosto de comer bolos, pizzas, lanches cortados em pequenas partes, como petiscos. Com bebida a mesma coisa, como por exemplo: coloco um pouquinho só de água no copo e bebo, volto a colocar mais um pouco e bebo, até que a sede termine {com exceção, quando estou com sede, sedísima!}. Tenho essa manina desde criança... eu não gostava de comer e minha mãe na tentativa de fazer-me engolir algo, dividia a comida em partes no meu prato e dizia:
- Você vai comer esse, esse e esse.
No final, eu comia tudinho!

• 2 •

Para aliviar as minhas dores nas costas, eu faço ponte com o corpo. E para me concentrar {onde posso!} sento de perna de índio - como neste exato momento.

• 3 •

Adoro dublar e interpretar músicas quando a minha irmãzinha está por perto, ela fica com o rosto redondo de admiração.

• 4 •

Toda noite, eu deito de barriga para baixo e balanço o corpo para adormecer.

• 5 •

Costumo ler mais de um livro ao mesmo tempo, uma semana leio um, na outra semana um outro livro. Além, de não gostar de ler livros que não sejam meus. Na verdade, odeio a pressão de ter que ler rápido {sem respeitar o meu próprio tempo!} para devolver no prazo.

quinta-feira, 2 de novembro de 2006

Quero apenas desabafar, arrancar algumas palavras, já que não consigo arrancar alguns sentimentos:


Eu não entendo por que os pais precisam ser tão parecidos. Eles seguem alguma cartilha? Sempre que comento sobre isso, alguém me diz que é normal e que todos os pais são assim. Mas, não. Não quero saber se os outros são assim, pelo contrário, quero saber das pessoas com as quais eu convivo. Não preciso saber se o pai da minha amiga faz igual, ou se a mãe da celebridade faz diferente, não preciso. Eu tenho sempre a impressão de que tudo o que eu aprendo só vou pôr em prática em outro tempo, com outras pessoas. Ou ainda, tenho a impressão de que as pessoas esperam o momento certo para agirem certo, aguardam a morte para viverem bem e felizes no paraíso. Sabe, chega!

A muito, muito tempo atrás, quando ainda não tinha um emprego, eu ouvi minha mãe me chamar de VAGABUNDA. Naquela época, eu passava as tardes pintando as unhas, hidratando o cabelo, passando roupa, limpando a casa, comprando paçoca a R$ 0,15 no barzinho da rua e conversando com os amigos, entregando currículos de vez em quando {afinal, a gente desanima um pouco com a falta de sorte!}. Quando eu ouvi aquilo, desejei que pelo menos um dia, um dia, ela sentisse a real sensação de ter uma filha vagabunda. Depois disso, o tempo passou e hoje eu trabalho, hoje eu faço extra, recentemente fui promovida e exerço uma função com uma responsabilidade nada compatível com o salário, eu trabalho aos sábados, domingos e feriados e eu quando chego em casa cansada, ouço cada tipo de comentário, tal como "Você não faz nada o dia todo". Como não? Será que vou ter que repetir este parágrafo? No dia que eu folgo, então, é um auê. Nas minhas folgas, eu procuro sempre recuperar o meu sono perdido, fazer um pouquinho de cada coisa que gosto, além das tarefas domésticas. E ainda ouço que dormir não é tudo, que sou preguiçosa, que acordo tarde. Realmente, para algumas pessoas não o é. Mas e eu? Como fico nesta história? De quem estamos falando mesmo? Noto que as pessoas têm dificuldade de identificar o sujeito da oração, para algumas o sujeito é sempre oculto.

Dias atrás, discuti com o meu pai porque ele se dirigiu a mim com ignorância no momento em que ele exigia que eu não falasse mais palavrão. É, ele não quer que eu utilize pa-ra-le-le-pí-pe-do nas minhas conversas, muito menos usar pneumoultramicroscopicossilico-vulvcanoconiotico*. Sinceramente, acho muito feio quem usa palavras vulgares, quem faz dessas palavras o vocabulário diário. Mas, pôxa, eu só xingo quando estou nervosa e quem me conhece... aliás, quem me conhece bem, sabe que eu sou assim. Que só digo palavrão quando ESTOURO. Enfim, se ele não gosta, vou respeitar, né?! Mas que ele perdeu a razão, aaah, ele perdeu a razão. Bom, depois de o sangue correr mais rápido e ferver, fizemos um trato: eu não vou mais falar palavrão e ele não vai mais ser ignorante. Como eu não fico por baixo, lancei o desafio: "Vamos ver quem consegue!".

No fim {esse desabafo precisa ter um fim}, tudo o que eu quero é ser cada dia mais EU. Quero fazer o que eu gosto, quero quebrar a cara porque não tenho alguém para me orientar nem me apoiar nas decisões mais arriscadas, quero ser feliz e triste quando eu tiver que ser e... principalmente... não quero que pessoas sem moral alguma me cobrem. Não quero ouvir aquela frase estúpida: "Faça o que eu digo, não faça o que eu faço". No mínimo, quem espalhou essa idiotice foi alguém que tentou justificar o erro com o erro do outro.

Meu recado é simples e direto: estou saturada, estou cansada das pessoas e não vou mais lutar por elas.

* Maior palavra da língua portuguesa, de 46 letras, que significa estado de que é acometido de uma doença rara pela aspiração de cinzas vulcânicas.

sábado, 28 de outubro de 2006

O tal ossos do ofício


Leon com o olho roxo, lábios e supercílio cortados é socorrido por seu irmão
{e médico!} depois de ter levado uma facada no traseiro. Jean é residente do hospital central da cidade onde vivem e, meses passados, salva a vida do cara que quase matou o seu irmão.

É o que chamamos de ossos do ofício, não é mesmo? Ou será que eu entendi mal?


Ouvindo GRUNGE
do Pearl Jam

sexta-feira, 20 de outubro de 2006

Grande Patrimônio da Humanidade


João Maria José Francisco Xavier de Paula Luís António Domingos Rafael de Bragança, de codinome O Clemente, foi Rei de Portugal e também uma das importantes pessoas para a criação da nossa Biblioteca Nacional. Sim, Dom João VI trouxe, na sua transfêrencia para o Brasil, milhares de livros de sua Real Biblioteca. Mas não é a este fato histórico que me refiro ao Grande Patrimônio da Humanidade, e sim, à arte da boa escrita.

A arte da boa escrita não é somente escrever sem erros de ortografia ou gramática, vai muito mais além. Escrever bem é transformar pensamentos e idéias em palavras belas, exatas e verdadeiras. Cada linha descreve o conhecimento do autor, cada palavra põe em prova o artista das palavras. Herdamos este grande patrimônio e - com o jeitinho brasileiro - estamos o administrando muitíssimo bem. Alguns deles são: Manuel Antônio de Almeida, creditado como o iniciador da literatura pitorescano Brasil; José de Alencar escreveu vários romances populares e regionais; Machado de Assis, aclamado como o maior escritor brasileiro do 19º século; a prosa de Euclides da Cunha, retratando realidades sociais; Cruz e Souza representando à volta do século a imaginação literária brasileira; Carlos Drummond de Andrade representa os poetas espontâneos; Jorge Amado, Graciliano Ramos e Raquel Queiroz evocaram os problemas e sofrimentos de vida na região nordeste onde eles nasceram; João de Cabral Melo Neto é conhecido por suas poesias sóbrias e cheias de palavras precisas.

............
Quem sabe, no caminho que trilho, eu atinja a excelência na escrita e faço honras ao que me chamaram no Orkut, de escritora.

quarta-feira, 11 de outubro de 2006

Coisas do passado


Ninguém se atreve a dizer a verdade sobre o que aconteceu naquele dia.

Os dias nunca mais foram os mesmos.

terça-feira, 3 de outubro de 2006

Bailou por entre as curvas
do meu corpo fiz gangorra
na brincadeira de papai-mamãe.

terça-feira, 26 de setembro de 2006

Amar é...


... viver às avessas.

... ser perito nas artes circenses: é ser malabarista; é ser contorcionista.
... tudo, o resto é bônus.
... transPIRAR desejo e PIRAR com o desejo.
... não caber em si e compartilhar amor.
... ser enamorado de si mesmo.
... ser o último a soltar no abraço apertado.
... irritar-se, gratuitamente, com bobagens.
... embriagar-se com os úmidos beijos amado.
... às vezes, se foder para fazer o outro feliz.
... confiar apenas com um olho fechado.
... navegar no mar, desconhecido, do SER amado.
... também acostumar-se SÓ.
... poder pensar em voz alta.
... reconhecer o direito da outra pessoa fazer escolhas.
... pôr afeto e gostosura entre as distâncias.
... convencer-se de que o ciúme é o câncer do amor.
... ajudar o outro a ser mais livre do que era antes.
... largar-se de mil pretendentes.

Por Tamara Queiroz

sexta-feira, 22 de setembro de 2006

Cícero saiu de sua pacata cidadezinha para estudar e lá deixou o seu grande amor.
Na cidade grande ficou conhecido por Padre Cícero, após formação em Teologia e Filosofia e por servir à comunidade.
No pacato seminário estão guardadas as saudosas cartas de amor à Carlos Manoel.

Será que Cícero realmente saiu de sua cidade para estudar? Ou para não ser crucificado pelo preconceito?

Um homem que mente para si e para seus fiéis consegue ser verdadeiramente feliz?

Qual é a dificuldade que as pessoas sentem em assumir seus verdadeiros sentimentos e suas verdadeiras identidades?

quinta-feira, 14 de setembro de 2006

Marco explícito


Fui promovida, yes!

Fiquei tão feliz que esqueci dos meus compromissos pós trabalho.

Bem, se eles me derem um ambiente adequado, farei um bom trabalho!

domingo, 3 de setembro de 2006

15 de Setembro de 1984


Estávamos tomando o habitual café da tarde no final de semana.
Já não me lembro como chegamos ao assunto sobre signos. Minha mãe, sempre, defendendo a idéia de que essas coisas são tollices {a partir deste dia percebi que realmente não são!}.
Estranhamente meus pais estavam sentados na posição errada na mesa, porque geralmente {não que seja uma regra em casa!} eu sento numa letaral da mesa, minha irmã à minha frente, meu pai numa ponta e minha mãe na outra; mas neste dia eles estavam de frente para mim, um ao lado do outro. Ainda no assunto do signo, comentei:
- Por um dia eu não sou do signo de Virgem!
- Um dia não. Oito dias! - meu pai respondeu.
Eu fiz aquela cara, conhecida por cara de interrogação. Bem, eu sei que vocês não conhecem o meu pai, mas esta cena é muito comum quando ele fala algo. Ele é um homem bastante enigmático e adora fazer piada. Depois do-não-entendi, soltei:
- Por quê?
- Porque são 8 dias, ué?!
Eu insisti no porque são oito dias e ele:
- Porque você nasceu no dia 15 de Setembro, não no dia 23.
- Como assim?
Desta vez a fala é da minha mãe:
- Em Piatã, no dia do seu nascimento, os escrivães estavam de greve e para não pagar multa nós a registramos no dia 23, porque não tínhamos dinheiro.
- Ah! - resmunguei prolongadamente, um pouco tonta pelas informações.

Confesso que me senti um pouco estranha com esta conversa, ainda mais quando a minha mãe deu um cutucão no meu pai, dizendo:
- Por que você foi falar isso para a menina?
Eu me senti enganada. Porque o dia mais importante da minha vida foi revelado após 18 anos após o meu nascimento. Passei o dia inteiro pensando no que mais poderia ser mentira. Mentira, não. Há mais coisas ocultas? O que mais poderia ser que não é?
Isso durou até que o dia acabou e o novo dia chegou, porque notei que a revelação não fizera diferença na minha vida nem na minha personalidade. Então, este ano, em homenagem a esta coisa tipicamente baiana, resolvi comemorar meu aniversário nos dois dias, tanto no dia 15 quando no dia 23!!!

Viva Setembro!
O mês das flores!
Fui recebida com flores e partirei com flores {espero!}!

sexta-feira, 1 de setembro de 2006

quarta-feira, 30 de agosto de 2006

Determinismo Revisitado


Poema de um autor desconhecido:

"Fui ao meu psiquiatra - para ser psicanalizado
Esperando que ele pudesse me dizer por que esmurrei ambos os
olhos do meu amor.
Ele me fez deitar em seu sofá para ver o que poderia descobrir
E eis o que ele pescou do meu subconsciente:
Quando eu tinha um ano mamãe trancou minha bonequinha
no baú
E por isso é natural que eu esteja sempre bêbada.
Um dia, quando eu tinha dois anos, vi papai beijar a
empregada
E por isso eu sofro de cleptomania.
Quando eu tinha três anos senti amor e ódio por meus irmãos
E é exatamente por isso que espanco todos os meus amantes!
Agora estou tão feliz por ter aprendido essas lições que me foram
ensinadas
De que tudo que faço de errado é culpa de alguém!
Que tenho vontade de gritar: viva Sigmund Freud!"

Após o dia 1º de Outubro culpe alguém.

quarta-feira, 23 de agosto de 2006

sexta-feira, 18 de agosto de 2006

É preciso morrer para se tornar vivo


Ano passado morreu um senhorzinho. Foi um espanto coralista na vizinhança:
- Era um homem tão forte!
Uma das mais velhas fofoqueiras retrucou:
- Quem tem que ser forte, agora, é a mulher dele que precisa sustentar sozinha cinco barrigas.

O senhorzinho não dizia ao filho que o amava. Ele não comprava o livro que queria ler e mesmo assim atrasava o pagamento da conta de luz. Ele não contava para ninguém os seus problemas. Ele nunca chorava e raramente sorria. E por isso morreu engasgado.

segunda-feira, 14 de agosto de 2006

A arte da suruba-lounge


Segue abaixo o texto de Xico Sá. Ele é autor de "Modos de Macho & Modinhas de Fêmea" e "Divina Comédia da Fama". Além de colunista do P I S T A.


Nada daquela ignorância dos anos 70. Nada de penetrar no ambiente e fazer um estrago, mesmo sem ser convidado. A suruba-lounge é coisa requintada, um luxo da era das pastilhas, da camisinha e do chill-out. A suruba-lounge não é um bacanal óbvio e programado. Não guarda também nenhuma semelhança com o enfado e o gozo também óbvio do swing "profissa" das casas do ramo.

No novo gênero, tudo começa com beijos e pegações na pista, fim de festa. Beijo a três, por exemplo, é um excelente começo. E não se tira a roupa abruptamente, como na suruba convencional. Chupa-se um peitinho aqui, uma gazela faz um dengo oral acolá. Beija-se uma moiçola enquanto a outra comete o esporte de Onan... Tudo muito relax, tudo muito natural... Essa é a práxis.

Vem cá, Xico, mas alguém pode chegar às vias de fato para valer? Sem a menor dúvida, ora ora. Não há proibições. O que não pode haver é obrigatoriedade chata. E se tiver a presença do cantor e compositor Junio Barreto, o João Gilberto da suruba-lounge, tudo fica ainda mais decente. O safo é uma espécie de diretor de arte do gênero. Testemunhei uma cena que cairia muito bem no cinema, tanto na perversão dos sentidos de um Polanski quando na doidera de um David Lynch: JB apagou todas as luzes da casa e enfeitou cada bucetinha com um canudinho fosforecente e colorido.

A gente avistava só as bucetinhas-vagalumes. Lindas, meu Deus. Depois sorvê-las, como quem chupa, devoto e faminto, uma manga no escuro.

sábado, 12 de agosto de 2006

Às vezes, eu me pergunto por que sou assim tão calada. Se dentro de mim explode sensações, chove sentimentos e brota pensamentos. Realmente, eu não sei.


Esta noite, eu pensei em algo diferente. Não: pensei em algo de forma diferente. Sim. Sim, eu mudo de opinião constantemente e tenho nenhuma vergonha de dizer isso. Porque eu acredito que se mudo, logo existo e, é claro, isso reflete no que penso. Na verdade, resolvi escrever de modo diferente. Cansei do certo, ou melhor ainda, do certo que as pessoas acham. Resolvi escrever à minha maneira:

- Pergunta: Por que as pessoas se casam?
- Resposta: Para que possa existir uma testemunha da sua vida.


É! Eu pensei em casamento. Mas não pensei em casamento relacionado ao príncipe encantado, montado no cavalo branco, vindo resgatar a doce donzela presa no calabouço que lava roupa todo dia. Pensei, sim, que quero uma testemunha. Quero alguém que note a minha vida para que ela não passe despercebida. Alguém que possa ser meu parceiro. Alguém que goste de dançar, porque é preciso muito jogo de cintura para viver, ainda mais quando se divide a vida com alguém mesmo com uma vida individual. Ah, também pensei em filhos, porque os filhos seriam as testemunhas desse amor...

Filhos? Hoje em dia significa apenas UMA NOITE GOSTOOOSA!
Amor? Hoje em dia significa apenas UMA NOITE GOSTOOOSA!
Casamento? Hoje em dia significa apenas VÁAARIAS NOITES GOSTOOOSAS!

Aí, quando amanhece acabou.

FIM.

sexta-feira, 4 de agosto de 2006

Sem atropelações


Eu queria uma casa só para mim. Sentir a escuridão tocar na minha pele nua enquanto ando pelos cômodos. E naquele vai-e-vem vazio reencontrar as palavras que eu perdi.

terça-feira, 1 de agosto de 2006

ACORDAR
A-COR-DAR
DAR A COR

Manuela acordou as seis da tarde. Pela manhã, ela caiu da cama, se jogou da cama, mas continuou dormindo o dia inteirinho.
Marcos só acordou aos 57 anos de idade.
Larissa ainda não acordou para a vida.

Ah! A vida tem a cor que a gente pinta. Se logo ao acordar pensarmos que o dia será cinzento, com certeza será...





sábado, 15 de julho de 2006

Pense em algo que tenha lhe causado muita dor.












Se existisse uma pílula que apagasse esse episódio na sua vida, você a tomaria?











Eu NÃO. Porque, talvez, apagaria o que eu sou hoje.

quarta-feira, 12 de julho de 2006

O inferno urbano


Bombardearam um ônibus que estava estacionado no ponto final. O ponto final fica numa rua atrás da minha residência. O tanque de combustível explodiu. Fogo e combustível se alastraram. Neste momento, a polícia ordenou que os responsáveis retirassem seus carros da proximidade e gritavam para os curiosos evacuarem a área. E minha mãe, num ponto um pouco mais distante, me ligando de um telefone público {porque esqueceu o celular em casa} para avisar do ocorrido e para orientar: "Tá, tranque tudo e não saia na rua".
Pois é, a guerra civil aconteceu na esquina dos olhos da minha mãe e de tantas outras pessoas. A realidade da tevê chegou em nossas casas. Agora, ela está ali, trêmula, pendurando as roupas no varal como deveria ser...

PA-RA-BÉNS, Cláudio Lembo! Você alimenta esta guerra e ainda "cria" {explicitamente!} a guerra partidária.
KATANGA, KIVU DO NORTE...
... outras partes do RDC.

Tecidos encardidos. Força imposta. Mulheres estupradas. Terra, poeira. Malária, coqueluche. Homens pendurados como carnes num açougue. Sangue derramado e infectado pelo vírus da AIDS. Crianças com pólio. Violência negra contra negros. Caminhonetes. Fugas. Brutalidade. Bandanas sujas e armas quentes. Ausência do Espírito Santo. Moscas. Explosões. Febre. Choro de bebê. Mãos atadas em pele viva. Soldados congoleses. Tendas e pouca amoxicilina. Fumaça. Terror. Desespero. Medo. Gritos. Cheiro de morte. Desesperança. Ódio. Fogo. Vingança e falta de petróleo. Impunidade. Ataques Mai mai. Paz declarada? Sarampo. Casas saqueadas. Desnutrição. Pavor. Raiva. Catástrofe humanitária. Serrote. Ferida aberta. Esparadrapo. Ratos. Lamparinas. Democracia? Fraqueza. Lágrima. Impiedade.

O INFERNO EXISTE, BASTA OLHAR AO REDOR!

segunda-feira, 10 de julho de 2006

Em vão


Ela enviou a carta cheia de palavras amargas e desconfiadas, seu coração ficou aliviado. Enquanto escrevia, pensava, relia e não entendia o motivo. Mas tratou de ajeitar tudo e, talvez, tenha conseguido não transparecer o nervosismo.

Ele recebeu a carta e respondeu absolutamente nada.

Ela, ansiosa, quando o reencontrou tratou de esclarecer a carta. Queria ouvir dele que estava louca e que suas acusações eram falsas.

Ele preferiu não conversar.

Os dois permaneceram abraçados e calados, na estrada. Já dentro do ônibus a caminho da casa dela:

Ela ainda desconfiada.

Ele ainda sem expressão.

Alguns meses depois, na casa dela novamente:

Ela pergunta aonde é que ele vai.

Ele diz que vai sair e volta logo, pois precisa de um tempo sozinho.

Ela se remoe por dentro, acreditando que ele mudou o modo de tratá-la por causa da carta.

Ele sai e não se despede.

Ela corre e faz um mimo nele.

Ele parti sem rumo após retribuir o afeto.

Naquela mesma noite:

Ela deita-se.

Ele a abraça e a pede em casamento.

Ela sorri e diz que sim.

Em um vai-e-vém eles fazem seus planos. Botam tudo em ordem.

Ela, todos os dias pensava no tão sonhado dia do casamento.

Ele? Continuava o mesmo: romântico, carinhoso, atencioso e com menos grana nos bolsos.

Dois anos se passaram e o dia deles, afinal, chegara:

Ela está linda em seu vestido branco e longo.

Ele está inquieto, batendo o pé esquerdo no altar.

Ela entra, a música escolhida toca, todos os olhares são seus.

Ele se encanta e tem a certeza que passará o resto de seus dias com uma grande mulher.

Ela tinha o sorriso mais contagiante e seus pais estavam orgulhosos.

Faltando um passo para chegar no altar e receber o beijo do seu amado... todos se viram para trás por causa do barulho que vinha da porta de entrada. Era Ella, que escondia uma redonda barriga, soltava fogos pela boca e ao mesmo tempo dizia que espera um filho dele.

Ele sua frio e rapidamente cai no chão.

Ela se recorda novamente da carta e de suas desconfianças.

sábado, 1 de julho de 2006

Somos o que não se vê


Desde 2001 que recebo convites para participar de uma reunião de um programa especial. Abri o último e cheguei no local na hora marcada no papel. Disseram-me que cuidaria de um senhor bem idoso e que passaria apenas uma hora por dia com ele.

Fazia parte do tratamento o fato do sr. Marvin não poder me ver nem falar comigo. A primeira vez foi complicada, eu não sabia o que fazer direito e não conseguia entender a necessidade de ficar atrás de uma câmara, observando-o. Eu sentava na cadeira, registrava as reações dele e sessenta minutos depois voltava para casa.

Certo dia, já cansada desta rotina levei um punhado de envelope, folhas de sulfite e caneta. Comecei a escrever e tive a idéia de entregar algo para o senhor de quem olhava, não de quem cuidava (certas modernidades me deixam confusa!). Passei o envelope por debaixo da porta e ele abriu a cartinha:
— O senhor sabe que está sendo observado? – ele acenou confirmando que sim.

Como já havia passado mais do que a metade do tempo de permanência permitido no local, juntei tudo e fui-me embora. Afinal, eu havia perdido um bocado de tempo perguntando para os especialistas se estava autorizado enviar o tal bilhetinho para o sr. Marvin.

No dia seguinte, fiquei sentada, olhando para o senhorzinho, com os olhos inchados por acordar cedo. De repente, ele começou a balançar os braços e não parava de gesticular. Eu não entendia nada e, rapidamente, apanhei a minha pasta vermelha transparente e passei o envelope por debaixo da porta. Desta vez, uma caneta foi junto. No papel devolvido estava assim escrito:
— Sua letra está diferente. Sua letra é bonita, mas hoje está diferente.

Então respondi:
— Agradecida*. Está diferente porque escrevi muito rápido e minha letra muda de acordo com o meu estado emocional. Tudo muda, não é mesmo?

A partir deste dia, passávamos 1 hora conversando através de bilhetinhos. Ora, conversávamos sobre como nos sentíamos no dia. Ora, sobre literatura. Ora, ele esclarecia minhas dúvidas sobre o xadrez. Ora, sobre a evolução do tratamento dele. Dias, que ele só elogiava a minha letra. Ah! Isso era realmente engraçado, porque ele analisava letrinha por letrinha e sabia exatamente como eu me sentia naquele dia, tudo isso sem nunca ter me visto. Enfim, conversávamos sobre o que, geralmente, não temos tempo de conversar com pessoas clinicamente livres do nosso dia-a-dia. Tudo o que fazíamos não passava de pros(e)a(r).

Então, num dia em que ele parecia um pouco preocupado, ele resolveu perguntar a minha idade, eu respondi sem nenhum problema. Nós continuamos a conversar dentro do limite estabelecido, como sempre. E no final deste mesmo dia, o médico-chefe me ligou cancelando o programa e agradecendo pela participação.
— Tá?! Eu não gosto de acordar cedo mesmo – sacudindo os ombros e resmungando outras coisas a mais em pensamento.

Uma semana se passou e lá estava eu, acordando todos os dias mais cedo, enfrentando a câmara fria e escrevendo os bilhetinhos. Simplesmente, porque o sr. Marvin não foi com a “cara” da outra voluntária.

* Não digo “obrigada” porque não sou obrigada a nada.
A m an hec eu
o di a,
re s pi ro
fér i as!!!!!

domingo, 25 de junho de 2006

Se eu pudesse ser um animal, com certeza, hoje, eu seria o bicho-preguiça. Minha vida está passando em câmera leeenta e no início desta tarde, tive uma vontade enorme de ver o mar, se o carro não estivesse com problema teria descido para o litoral paulista e nadado com a mesma excelência de um bicho-preguiça e voltaria para a areia na forma de outro animal, de tanta euforia. Qual seria?

Abaixo, vou postar a letra de uma música que marcou a minha adolescência. Pois, sempre adorei flores e sentia muito intensamente alguns versos:


Flores

Composição: Tony Bellotto / Sérgio Britto / Charles Gavin / Paulo Miklos

Olhei até ficar cansado
De ver os meus olhos no espelho
Chorei por ter despedaçado
As flores que estão no canteiro
Os punhos e os pulsos cortados
E o resto do meu corpo inteiro
Há flores cobrindo o telhado
E embaixo do meu travesseiro
Há flores por todos os lados
Há flores em tudo que eu vejo

A dor vai curar essas lástimas
O soro tem gosto de lágrimas
As flores têm cheiro de morte
A dor vai fechar esses cortes
Flores
Flores
As flores de plástico não morrem
Flores
Flores
As flores de plástico não morrem

sexta-feira, 23 de junho de 2006

quinta-feira, 15 de junho de 2006

MÚSICA RUIVA

"Espelho meu
Desiste dessa cara
Esqueço ou
Fico com desejo?"

By Nando Reis
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O Ruivo faz rimas perfeitas para descrever a imperfeição humana. O Ruivo reinou muito tempo com as marisas, com as cássias e com os samuéis {pessoas que também tenho discos!}, mas foi no seu disco solo que eu o descobri. Eu descobri que gosto dele por ELE gostar das coisas diferentes, gostar de palavras longas, de frases que dão giros por todas as partes da boca e lugares do vocabulário. Já que eu não posso com isso, ouço quem pode {risos}.

quarta-feira, 14 de junho de 2006

Nunca mais soluçar
a piedade
dos meus próprios sofreres
nem pedir
ou sonhar
sonhares que reflitam
a insatisfação
de dias e conquistas não bastantes!

terça-feira, 13 de junho de 2006

Prolongamento do dia 12

Os primeiros vestígios da apaixonite aguda aportaram na estação passada, no meu coração. Só no sétimo dia do inverno que o fato se consumou:

Estávamos os cinco, rindo num bar. Eu o observava e sem conseguir disfarçar os meus olhos se perdiam facilmente nos dele. Eu bebia seus lábios no vinho. Eu fazia parte dele com o tato, num grande alegre gesto sóbrio e escondido. Até que a noite acabou repentina, foi acanhada para nós, com a maldita mensagem no celular que o fez partir para o compromisso. Mas seus olhos brilhavam com o desejo de ficar e me TER (nem que fosse para TER a minha companhia). Mesmo não querendo querer partir, ele partiu. Restou apenas os quatro, somente eu estava ali embriagada pela paixão. Levemente tonta pela surpresa, porque há muito ela esvaiu de mim...

Após esta noite, sete dias decorreram e as borboletas ainda voam no meu estômago. E tudo o que quero é queimar-me neste amor ardente. Bem, vou parar de escrever e aproveitar a madrugada de hoje.

domingo, 11 de junho de 2006

Olhar no olho-espelho do mar e
Deitar-me na voluptuosa cama do mar.

Mereço tudo o que não existe e um pouco mais.

quarta-feira, 7 de junho de 2006

De: Amante

Para: Esposa

Querida, observe como seu "marido da aquirente" retorna aos sábados. Observe com quem ele anda no "porre legal". Alerto-lhe, pois senti-me traída quando soube da sua existência...

sábado, 3 de junho de 2006

Por detrás deste rosto deformado há ainda um olho que consegue ver.
Por detrás desta mão deformada há ainda outros dedos que conseguem escrever.

Minha imaginação e minha alma continuam intocáveis e inatingíveis. Espero em BREVE melhorar. Só preciso agora trocar um leito de internação por uma cama do meu lar, doce lar...

quinta-feira, 25 de maio de 2006

Inteligência quadrada.
Ignorância transparente.


Quadrada inteligência.
Transparente ignorância.

Inteligência transparente.
Ignorância quadrada.

Transparente inteligência.
Quadrada ignorância.

Ignorante
inteligência.


Inteligente
ignorância.

Inteligência
quadrada
quadrada
quadrada.


Ignorância
transparente
transparente
transparente.

sexta-feira, 12 de maio de 2006

Olhos gulosos querendo QUERER me despir.
Olhos penetrantes querendo QUERER me despir.
Olhos famintos querendo QUERER me despir.

Tão distante daqui, tão longe de tudo, em algum apartamento, em algum quarto desse apartamento, há uma mulher sentada num puf afogueado fumando seu cigarrinho, religiosamente.

quarta-feira, 10 de maio de 2006




Eu traduzo o mundo em palavras soltas, atropeladas, que escapam de minha cabeça.

domingo, 30 de abril de 2006

A roupa fala. Diz o que estamos sentindo.

Os olhos falam. Entregam tudo.

Tampouco, basta olhar-me, a roupa, para que obtenha a resposta de como me sinto hoje.

- Por esta razão há tantas pessoas analisando umas às outras.

quarta-feira, 26 de abril de 2006

Enxaquecosamente, eu


.A noite cai morta
.Uma luz alucinante cai implacável como um castigo
.Aos poucos a escuridão a estrangula

.Ouve-se minha latejante inquietação
.É o meu caos que vem chegando
.É a dor que grita o seu eterno insulto

.Durmo na podridão de minha mente e no nojo do meu corpo
.Estou onde se vive sem memória alguma
...Sobra desse peso morto gritos roucos e seus abismos

sábado, 22 de abril de 2006

Aos seis anos de idade, ela escreveu uma estória conhecida por poucos:


XAPEIZIHO VEMEHLO

É rau mavei
mãmãetava fazedo boliho
Xapeiziho Vemehlo
vala leva e ceboliho
para võvõzinha e ceboliho
Pelitrada fora e vobe soziha
para leva boliho para vovozinha
Xapeiziho Vemehlo
Xapeiziho Vemehlo
Aode voceta toa tra da
ãrvore masi e so a fadamarinha
pasa pelitrada foreta


P.S.: Eu gostaria de compartilhar a letra, a maneira que escrevi. Mas, no momento, não disponho de scaner. Quem sabe, um dia...

terça-feira, 18 de abril de 2006

sábado, 8 de abril de 2006

Quando ouvia a buzina do vendedor de algodão doce ela disparava a correr e pedia para a mãe para comprar um.

Então, aqui, reúno minhas frases. Àquelas que ninguém da família esquece. Há sempre alguém comentando sobre a Tamara quando era "pequena"...

"Aqui ó, tio, eu tenho força no canudo" - mostrando meu braço magrinho.

"Foi o tio Preto, foi - chorando.
Eu não - meu tio encrencado -, foi a formiga.
Não foi a fudiga, não. Foi o tio Preto."

"Ô, mãe, vem vê a fudiguinha, vem" - apontando para a formiguinha.

"Mãe, não babunça o meu cabelo" - enquanto ela tentava desembaraçar meus cachos.

segunda-feira, 3 de abril de 2006

Eu vôo



Eu vôo no impulso rápido de correr. Sem asas, sem maquinaria, sem invenções, sem pílulas nem drogas. Vôo com o meu próprio corpo, mesmo que eu alça vôo a alguns centímetros do asfalto, mas eu vôo.

terça-feira, 28 de março de 2006

A cor da casa*


"Casa é a morada dos meus pensamentos".
Morada de janelas grandes e abertas dando para o mundo; morada de muita luz; morada sem muro. Porque todos têm muros altíssimo, ficam todos trancados dentro da casa enquanto os ladrões ficam lá fora. Eu não, gosto mesmo é de casa aberta.

"Não há melhor vista do lado de dentro do que a de fora".
Vista para o mar; vista para uma montanha; vista para prédios, como em S. Paulo. Eu quero mesmo é me ver quando olhar para minha casa. Que a casa dos meus sonhos seja sofisticada, mas sem não-me-toque.

Casa de brasileiro não há igual. Os moradores têm personalidades diferentes; são casas de estilos diferentes. E o que as une em comum é que todos almejam uma vista.


* Um acervo de casas e gentes do Brasil. Programa que inspirou este post.

sexta-feira, 24 de março de 2006

• Mais mudanças •

Fábrica de Idéias & CIA:
Variar®, Substituir®, Alterar®, Modificar®, Transformar®,
Remover®, Dispor de outro modo®, Deslocar®, Pôr
em outro lugar®, Dar outra direção®, Desviar®,
Tomar outro aspecto®, Diversificar®,
Disfarçar®, Mascarar®.

terça-feira, 21 de março de 2006

Até PUTA é PROFISSIONAL


O novo profissional não é formado de curriculum vitae abarrotado de cursos: é, principalmente aquele que consegue equilíbrio entre a inteligência racional e a inteligência emocional. Precisa, antes de mais nada, exercitar e praticar o espírito coletivo, saindo do individualismo decadente e do "jogo do perde-ganha".

Junto a essa forma de profissionalismo, a competência chega com um novo significado, que deixa de ser apenas sinônimo de capacidade, para ser um conjunto de traços que já nascem com o indivíduo e que não são facilmente percebidos, além das características que ele tem que buscar, sempre, no cotidiano. Entre essas características estão o respeito, o autoconceito, os traços da personalidade individual, a motivação e o motivo para realizar coisas, entre outras.

O profissional MODERNO é essencialmente questionador, não aceita passivamente atitudes e decisões impostas; quer sempre participar através de opiniões claras e objetivas, faz sugestões para a contribuição do engrandecimento de todos. Deve ter menor preocupação com o seu emprego e uma maior com sua empregabilidade. E a criatividade como fator diversificador.

Conclusão:
- Meus objetivos: mudança. Conexões. Capacitar. Agir como modelo. Valorizar o criativo. Recompensar. Ambiente estimulador. Colaborar. Dialogar. Multiplicar. Pessoal. Iniciativa.

- Objetivos alheios: controle. Escalões. Limitar e definir. Dar ordens. Impor disciplina. Punir. Ambiente tenso. Criticar. Disciplina rígida. Linear. Impessoal. Cumprir ordens.

sexta-feira, 10 de março de 2006

Foi numa tarde de março. Havia sol exuberante. Precisamente no dia 07 (sete). Descobri que tenho uma doença de crescimento desordenado: o tal câncer maligno. A estatística mostra que é muito comum entre homens e mulheres: "O câncer do amor é a nova epidemia, popularmente conhecido por CIÚME". Ainda há a alerta de que a pessoa que sofre deste "mal" está sempre à procura de confirmações para suas suspeitas. Isso é verdade! Nem era preciso dizer. Certa vez, eu marquei o pênis do meu marido, assinando-o no início do dia com uma caneta e chequei a marca desse sinal no final do dia. Sempre realizei visitas ou telefonemas de surpresa para confirmar o lugar onde ele estava. Ah! Sem contar que não deixava a empregada mexer nas roupas dele. Examinava tudo, bolsos, carteira, recibos etc.

Nas últimas linhas do exame, o diagnóstico final: a doença é clara, tem correlação entre auto-estima rebaixada, conseqüentemente a sensação de insegurança e, finalmente, o ciúme. Não tinha jeito, não havia dúvida nem erro, eu estava mesmo doente. Em seguida, chega por fax a receita para o tratamento:
  • Confiarnolol - 1 ½ cápsula de 2 em 2 horas;
  • Medir e controlar sua (s) emoção (ões) diariamente.
  • ...

Imediatamente, amassei e joguei o papel fora, vi que o tratamento me custaria muito caro.

terça-feira, 7 de março de 2006

Se-parado


Fui seu possuidor
Por hora
possuo dor.

Fui seu amado
Por hora
vejo o mar do outro lado.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2006

Cegos olhos

Ela acorda no hospital, a doutora pergunta:
- Sara, você se lembra de alguma coisa?
- Estávamos no trem, rindo. E... rindo.
- Você não tomou nenhum sedativo?
- Não. Não uso drogas. Pai, eu não uso drogas - quase chorando.
- Eu sei minha filha - que interrompe e leva a médica para fora do quarto.
- Doutora, por favor, não conte a ela. Ainda é uma garota, tem apenas treze anos.
- Mas precisamos saber. É provável que tenha sido estuprada. Pode estar grávida, com DST.
- Por favor, eu me responsabilizo por tudo. Eu não pude protegê-la e ela não sabe disso. Deixe-me fazer agora.
Horas depois, sozinhas:
- Não poderei mais lavar o cabelo? - pergunta Sara.
- Só por uns dias.
- Você gosta de ser médica?
- Alguns dias são melhores que outros...
- Ver um monte de pessoas nuas, todo dia, deve ser horrível.
- Ah. Eu não gosto de peludos.
As duas dão risadas e logo o silêncio invade o local.
- O seu pai já sabe, tive que contar.
- Do quê?
- Há sinal de abuso. E fizemos o exame para testes.
- Você colocou a mão lá? E contou para ele?
Ela acena que sim, preocupada.
- Estúpida! Nós fazemos isso todos os finais de semana. Bebemos um pouco, beijamos e ... ECSTASY.
- Isso pode ser perigoso.
- Não, não é. Eles me adoram, me sinto linda e sempre transamos durante horas.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2006

U2 - One (tradução)

O show foi sensacional e resolvi selecionar esta música porque "fala de tudo um pouco" do que está acontecendo comigo...

Um

Está melhorando
{DEve estar, realmente}
Ou você ainda sente a mesma coisa?
As coisas vão ficar mais fáceis para você
agora que você tem alguém para culpar?

Você diz
Um amor
Uma vida
Quando é alguém que à noite precisa
De um amor
Temos que compartilhá-lo
Ele te abandona, babe
Se você não cuida dele

Eu te decepcionei?
Ou deixei um gosto ruim em sua boca?
Você age como quem nunca teve um amor
E quer que eu continue sem nenhum

Bem, é muito tarde
{Sim, o tempo já não importa}
Esta noite
Para trazer o passado à tona

Somos um
Mas não somos os mesmos
{E você sabia disso}
Temos que carregar um ao outro
Carregar um ao outro
Um...

Você veio aqui pelo perdão?
Você veio levantar os mortos?
Você veio aqui brincar de Jesus
para os leprosos que você inventa?
{Seu mundo fAntástico}

Eu te pedi muito?
{Para confiar em mim?}
Mais do que devia?
{Não, isso não é preciso pedir}
Você não me deu nada
Agora é tudo que eu tenho

Somos um
Mas não somos os mesmos
Ferimos um ao outro
E estamos fazendo de novo

Você diz
O amor é um templo
O amor é a lei suprema
O amor é um templo
O amor é a lei suprema

Você me pede para entrar
E então você me faz rastejar
E eu não posso continuar me agarrando ao que você tem
Quando tudo que você tem são feridas

Um amor
Um sangue
Uma vida
Você tem que fazer o que deve

Uma vida
Entre si
Irmãs
Irmãos
Uma vida

Mas não somos os mesmos
Temos que carregar um ao outro
Carregar um ao outro
{Na lembrança}

Um
{um? Para sempre}

domingo, 19 de fevereiro de 2006

Surto iLegal

Aos dezesseis anos já era homem. Por ela eu girei e andei por outro caminho. Mudei para o apartamento dela e sempre a fazia dormir ao acariciar os seus cabelos.
Era tudo mágico. Eu me sentia feliz com as pequenas coisas. Até que na sexagésima noite ela me entregou um cobertor e se embrulhou com outro. Era a primeira vez que não dormíamos abraçados.
Na manhã seguinte, ela parecia que trabalhava em torno do relógio. Me olhava e seus olhos atravessam e enxergavam somente a prateleira atrás de mim, não conseguia me encarar. Sem ela eu me sentia como um pé sem meia.
Inevitavelmente, a convivência se tornou insuportável, as brigas constantes, eu não agüentava sentir tanto desejo e receber apenas desprezo.
Então, saí, no meio da madrugada, ela deitada, eu completamente confuso, só pensava no quanto o mundo era mais largo do que o cúbico apartamento em que vivíamos. Dei três tragadas e joguei o maço na rua. Saquei da jaqueta uma "boa idéia" e ao beijar a boca da garrafa, aproximando de um carro, na esquina, tive uma outra idéia: sem muito esforço (ossos do ofício), entrei e dirigi sem parar. Olhava no retrovisor, não havia nada nem ninguém atrás de mim e como eu não acredito em tudo o que vejo, acelerei e corri feito louco. Até que parei no sinal vermelho, resolvi ligar o rádio e tocou:
Love, love, love
Love, love, love
Love, love, love

- All you need is love do Oasis. Uhuuuuuuu! - gritei.
Parti novamente, andando de acordo com o lado que o vento soprava. Daí, uma nova idéia surgiu:
- Há muitas coisas que eu gostaria de saber e há muitos lugares que desejo ver...
Pois, levei o carro exatamente no lugar onde estava, nunca mais voltei para ela nem roubei carros.

sábado, 18 de fevereiro de 2006

Algumas noites não nasceram para serem dormidas - como esta.
Alguns silêncios ardem-me os ouvidos.
Algumas inverdades acomodam-se, penetram-se sem querer.
Alguns nascem em um instante e fogem numa noite, em silêncio, com suas inverdades.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2006

Há quem ri das desgraças da vida


Um carro desgovernado, capotou e "pegou" todas as pessoas que estavam na fila da lotérica.

Há ainda quem não acredita na SORTE.

domingo, 12 de fevereiro de 2006

Ex-cabelo cacheado e volumoso que só usava prendido por um rabo-de-cavalo

Agora, me despeço do HSBC Seguros e sigo para o novo desafio que é a Itaú Seguros de cabelo novo. Tudo novo!

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2006

Célebre Platonismo

Descobrimos que tudo era de mentirinha. E fizemos de conta que nada descobrimos.
Presentemente, o nosso amor enfeita a estante de Platão.

domingo, 5 de fevereiro de 2006

No mundo, um grande poeta perdeu.
Perdeu sua inspiração.
Por conta da sua imaginação.

Poeta bem ele é.
Finge tão bem a dor.
Finge tão bem o amor.

Amor???

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2006

Non Sapere


Seu primeiro beijo.
Sua primeira vez.
Seu primeiro filho.
Sua primeira separação.
E ela não sabia o que fazer.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2006


Estórias encantadas duram apenas o tempo do seu encatamento:
O príncipe montado no negro cavalo leva,
arrebatadamente, consigo corações apaixonados
e ao chegar no seu reino faz amontoados de corações como FORTALEZA.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2006

Quando envelhecer quero uma
Casa branca em frente ao mar enorme,
Com o teu jardim de areia e flores marinhas.

Porque
minha alma é feita de maresia.

terça-feira, 24 de janeiro de 2006

Onde há PERDIÇÃO, há PERDÃO

Era Albertina desvirginada, mais conhecida como: a libertina. Moiçola corada como uma rosa e loira como um anjo, pintava de vermelho seus lábios sedentos e suas unhas das mãos. Era bela como uma virgem.

Suas noites eram de gozo fervoroso e os seios palpitavam de prazer sublime e durante muito tempo foi cobiçada por nomeados políticos.

Até, uma vez, ao madrugar, fugiu para bem longe com o mestre de cartas, por quem se apaixonara. Ela casou-se, não gerou filho algum, tornou-se viúva e santa. Passando o resto de seus dias servindo a DEU-S.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2006

sábado, 7 de janeiro de 2006

Eles gostam de dirigir o espetáculo

NO CINEMA OU NO ônibus, já sentou ao lado de um sujeito tão espaçoso que deu vontade de perguntar se ele tinha comprado dois assentos? Tudo bem, pode ser que fosse um mal-educado ou quisesse mesmo se encostar em você, mas essa mania masculina de sentar com as pernas abertas é uma postura de macho demarcando o território. Ou então, conhece algum homem programado para galinhar? Ou ainda, conhece algum que compreende o motivo de você criar um caso danado por causa da besteirinha de VOCÊ não entender que paquerar uma gostosona numa festa não tem nada a ver com o que ele sente por você?

Um terapeuta americano, Pat Allen, diz que eles nasceram assim e nada neste mundo poderá mudar tal fato. Porque tudo é ditado pelos circuitos cerebrais dele.

Pois é. Isso significa que sofreremos para sempre. Será sempre difícil discutir a relação. Sempre haverá a promessa, de pés juntos, de ligar à noite e só ligar três dias depois. Antes de cometer uma loucura de querer matar o infeliz por isso, entenda que é o JEITO DE AGIR DOS HOMENS. Hunf...