terça-feira, 27 de maio de 2008

Um pouco de tristeza...

... não faz mal (nem bem!) a ninguém.

Ainda me acostumando à idéia de chegar da faculdade, de madrugada, e não mais encontrar o único ser que fazia questão de ganhar cafuné na barriguinha, subir no meu colo e me dar beijinhos de fucinho gelado. Saudade do chorinho da doguinha pedindo atenção, das nossas "apostas" de corrida (ela ficava brava quando eu chegava primeiro!) e dos banhos de sol na sacada.

Ainda superando o susto e aliviada com a alta do meu pai, mesmo sabendo que ele sente bastante dor.

É essa tristeza passageira que me deixa assim tão borocoxô...

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Sou uma obra-prima da natureza_II

Sou uma obra-prima da natureza.

Meu corpo foi moldado por comportamentos e desejos.

Ele é fruto de surpreendentes ajustes e sutis refinamentos.



Sou a esposa de Pigmalião.

Minha pose é insuniante, dotada de majestade e de sensualidade.

Ela é uma perfeita sinergia, que confere-me beleza indescritível.



Sou uma estátua esculpida pela paixão.



Surge, então, o embate entre o ideal e o real.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Sou uma obra-prima da natureza_I

Ele se sentou atrás de mim.

Fechamos os olhos.

Aquietamos.

A respiração dele acompanha o meu ritmo.

Como a saudar a minha essência.

Os corpos estão imóveis.

Feito estátuas.

Até que surge uma urgência vibrante.

Profunda.

O corpo se move.

Sussuramos juntos uma canção.

Sinto sua suave respiração em meu pescoço.

Suas mãos deslizam bem leve, com movimentos de baixo para cima em meus ombros.

Tão logo, as mãos chegam em baixo deslizando prazerosamente.

Mãos que tocam mais forte.

Pele que sente as unhas.

Sente as mãos cheirosas e macias.

Mãos estas que deslizam de baixo para cima.

De cima para baixo.

Mãos que deslizam em todo o prolongamento da minha coluna.

Que finalizam na região do pescoço.

Que fazem movimentos com atenção nos braços e gostosamente na lateral do corpo.

Suavemente morde o meu pescoço.

Com dose de carinho beija delicadamente em volta das orelhas.

Como uma dança.

Como uma celebração criativa e amorosa.

Ele encosta suavemente o peito em minhas costas.

Não sinto peso algum.

Só sinto os pêlos em minhas costas.

Suas mãos movimentam-se na minha barriga.

Sinto seus dedos.

Suas palmas das mãos.

Uma das mãos segura na minha cintura.

Enquanto a outra continua na minha barriga.

Toda a minha cintura.

A região uterina e ovariana.

Sagradamente tocam os meus seios com movimentos suaves e circulares.

Suas pernas se estendem.

Ora as mãos tocam um seio de cada vez.

Ora tocam ambos.

Dão atenção especial aos mamilos.

São toques prazerosos.

Sutis.

Ficamos de frente.

Ele me venera.

Eu o venero.

E sento sobre suas pernas.

Um encaixe perfeito.

Com calma.

Beija o meu peito.

Os meus seios.

Todas as regiões recebem o delicioso toque do beijo.

O abraço nos une.

Integra-nos.

Um desaparece no outro.

Os limites se fundem.

Misturam-se.

Beijamo-nos.

Carinhosamente.

São permitidos.

Gemidos.

Gestos.

Enlouquecedores.

Movimentos.

Desinibidos.

Bonitos.

Selvagens.

Todo o corpo pula.

Vibra.

Entra em êxtase.

Pulsa.

Eu me sinto como homem.

Ele se sente como mulher.

Às vezes, fico por cima.

Às vezes, os papéis mudam.

Tudo se torna um grande drama de energia.

Tudo é perdido.

Abandonado.

Sentimos frescor.

Descanso.

Paz.

Profundos.

Os corpos se cansam.

Ficam exaustos.

Exauridos.

Como um choque elétrico.

E a mente paralisa.

domingo, 4 de maio de 2008

Um pouco de Portugal

Estou a sentir demasiada saudade dos amigos. Principalmente, dos amigos distantes que se encontram do outro lado do oceano, naquela casa branca, próximo ao farol cintilante. Por esta razão, "cito" um dos textos de Merry Alice, apenas para amenizar a saudade de um desses amigos:

DIÁLOGO

Ela exigiu: "Faz-me compreender o teu amor". O pedido foi tão firme que ele sentiu que não poderia responder: "Não é possível explicar, a não ser morrendo." Ela perguntou: "Serias capaz?". Decidiu, então, morrer. Ela pediu-lhe para esperar um pouco mais.

- Quantas mulheres amaste antes de mim?
- Quantas mulheres amei ou com quantas mulheres tive sexo?
- Não é a mesma coisa?
- Não.
- Por quê?
- Porque o amor não se exprime apenas pelo sexo. Porque o sexo não existe apenas no amor.
- O sexo sem amor é feio?
- Não. É sexo.
- E o amor sem sexo é incompleto?
- Não. É amor.
- Quantas mulheres?
- Em quantas podes acreditar?
- Dez.
- Tantas?
- Mentiroso. Quinze.
- Três.
- Foram muitas? Foram poucas?
- Havia mil dentro de cada uma delas. Sou um devasso, perdoa-me.
- Queres saber quantos homens amei antes de ti?
- Quero.
- Amanhã. Abraça-me.
- Amo-te.
- Normalmente os homens dizem "amo-te" no fim.
- No fim de quê?
- No fim do sexo.
- E quem disse a ti que eu quero o teu sexo?
- E não queres?
- Quero.
- Então porque mentes?
- Não minto.
- Não mentes ou não queres confessar que queres o meu sexo?
- Não te quero começar a perder.
- E quando é que isso acontece?
- Quando julgares que amar-te e querer o teu sexo é a mesma coisa.
- E não é?
- Não.
- Porquê?
- Porque te amei antes de saber que tinhas sexo.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Eclipse

Jacó se apaixonara por duas distintas e formosas mulheres: a primeira é mais delgada de corpo; enquanto, a segunda tem mais altura. Ambas têm um sorriso metálico sem ferrugem. Uma é "o dia"; a outra, "a noite". Certo dia, o vento brando tocou a pele de J, como a sussurrar: Se você quiser alguém para ser só sua, é só não se esquecer estarei sempre aqui... porque sabia que a noite logo cairia.