domingo, 29 de novembro de 2009

Abismo do tempo

Para de estrangular o tempo. De enfiá-lo num comprimido. De rasgar a garganta com ele.






Não ando por trilhas já antes desvendadas,
pois elas só podem me levar até o limite
que outra pessoa já alcançou – DESCONHECIDO.


sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Fundidos

Lendo um livro. Tevê ligada. Porta abrindo. Outra se fechando. Criança roncando suavemente. Barulho lá fora. Meia noite e vinte. Sinto as páginas. Devoro as palavras. Ouço o meu raciocínio. Leio a ideia alheia. Imagino cenários. Percebo imagens. Minha mão esquerda pousada na parte superior do livro e a direita segurando a parte de baixo. Um ciclo, as batidas do meu coração... Quase silêncio. Agora somos só nos dois. Agora somos um.








Ler não é só adquirir conhecimento
ou experiência de vida.
É também a possibilidade de ter outra vida,
de viver o imaginário
– SÉRGIO SANT'ANNA.




Clique aqui para saber o que leio.



sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Há aqueles...

... que acreditam que os encontros mais importantes já foram combinados pelas almas antes mesmo dos corpos se verem.

... que precisam chegar a um limite, precisam morrer e renascer emocionalmente.

... que evitam os encontros.

Mas há ainda aqueles que estão tão entusiasmados com a vida que o universo muda de rumo.






quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Outro repost

IMENSIDÃO DO SER



O meu corpo mergulhado.

Na imensidão do meu ser.

Um mergulho profundo e sereno.

Perigoso também.

Toda a minha consciência concentrada.

Para um único ponto.

Os batimentos cardíacos quase imperceptíveis.

A respiração silenciosa.



Um feixe de luz na ponta do dedo do meu pé.

Vai desenrolando.

Desenhando as minhas curvas.

Tocando a minha pele.

Como o deslizar de uma lágrima.

Uma luz esverdeada.

Ganha força e embalo.

Que vai subindo.

Acariciando os meus ombros.

Desabrochando os nós da garganta.

Soprando em meu ouvido.

Arrancando-me um sorriso.

E finalmente, pousando em meus olhos.



Despertei do sono.



O meu corpo está leve.

Solto.

Caído em meus braços.

Sim.

Sou eu que me abraço.

Que me carrego.

Que atravesso as esquinas do deserto.

Sou eu quem beija a minha testa.

Enxugo o meu suor.

Dou-me de beber.

Curo as minhas feridas.

Eu.

Eu mesma.

São as minhas pernas que enfraquecem.

E me fazem cair.

Sou os meus pulsos enterrados no solo.

A poeira nos olhos.

Sou eu que engatinho.

Que me ensino a andar de novo.

Sou o meu próprio cajado.

O tecido que me veste.

Que reconstitui e me renova.

Sou o vacilo.

O que dói.

O que sente frio.

Mas a que continua a caminhar.

Com o cabelo contra o vento.

Sendo cada fio de cabelo.

Cada vestígio registrado.



Sou a alma viva.

Pulsante.

Sedenta.

Fugaz.

Galopante.

Sou aquela que corre.

Ultrapasso-me.

Viro-me.

Olho para mim à distância.

Observo-me.

Percebo-me.

E me espero paciente.

Até que me dou as mãos.

Elas entrelaçam-se.

Nos unimos.

Somos uma.

Mas há quem veja.

E diga que somos duas.