Pintura Rassouli
domingo, 25 de setembro de 2011
Robustez
Às vezes, as dores femininas são tão terríveis que seus calores queimam a memória de que há vida fora de nós. Todavia, basta um pé para fora de si e um andar na rua do mundo para sentir um clima ameno que apraz.
sexta-feira, 9 de setembro de 2011
Atropelo
Estranho, passou-me o seguinte pensamento: vivemos para a morte. Na verdade, a frase exata que me ocorreu foi: vivemos para morrer. Mas a obviedade geraria certa incompreensão.
Vivemos rumo ao desconhecido e ainda assim tememos coisas tão menores (ou não!).
Vivemos rumo ao desconhecido e ainda assim tememos coisas tão menores (ou não!).
Gosto do balanço da vida, com seus ápices e declínios.
segunda-feira, 29 de agosto de 2011
Todas as vezes
Quero estar ao seu lado
Ficar no silêncio
Sem causa ou efeito
Às vezes nada, às vezes tudo
Às vezes fala, às vezes mudo
E entardecer...
Ficar no silêncio
Sem causa ou efeito
Às vezes nada, às vezes tudo
Às vezes fala, às vezes mudo
E entardecer...
Quero estar no silêncio
Ficar ao seu lado
Com causa e efeito
Às vezes claro, às vezes escuro
Às vezes tudo, às vezes mudo
E anoitecer...
Quero estar ao seu lado
Ficar nos teus braços
Calado
Às vezes longe, às vezes perto
Às vezes certo
E adormecer...
às vezes Augusto, às vezes Tamara,
21/07/2011
21/07/2011
sexta-feira, 19 de agosto de 2011
domingo, 14 de agosto de 2011
Rubor da vitalidade
O bronze se limpa com ácido,
o rio se limpa por força do seu próprio fluxo,
e uma mulher é purificada com a menstruação.
CHANAKYA.
Éramos quatro mulheres sentadas na praça de alimentação do Shopping Ibirapuera, depois de uma tarde linda regada a jazz, a conversar num certo momento sobre algo que ainda é tabu: a menstruação.
E resolvi escrever o meu ponto de vista que construí ao longo de minhas vivências e pesquisas (que ainda está no comecinho). Já adianto que nem sempre pensei assim. Afinal, a menarca foi um verdadeiro horror para a menina de doze anos que acreditava que não se tornaria mulher apenas com a força da vontade em não querer se tornar.
Encaro o período menstrual como as minhas estações pessoais. Celebrando a mudança das estações com dança, música e encanto. Honrando as estações com autoaceitação e entendimento, em vez de rejeição. Semeando, irrigando, colhendo e prosperando para semear outra vez.
É sabido que todas as mudanças de estação nos deixam mais suscetíveis a enfermidades. São momentos de transformações de uma estação em outra, de uma fase em outra. Sempre que nosso entorno muda, seja interior ou exterior, nosso organismo deve mudar, se adaptando às novas características vigentes. Por isso, é importante reverenciar o que está acontecendo dentro de nós e contribuir para que esta passagem aconteça da melhor forma.
Na primeira fase do ciclo menstrual predomina o hormônio feminino estrogênio. Chamada de fase folicular, o organismo estimula uma produção exclusiva de folículos (pequenas bolinhas de líquido) nos ovários, onde ocorrerá a ovulação. É o momento que o corpo oferta ao útero os melhores nutrientes de que dispõe a fim de prepará-lo para uma possível gravidez.
Após a ovulação ocorre o predomínio do hormônio progesterona. É a fase secretória (gosto de assim chamá-la, porque lembra o verbo secretor que vem do latim secretus), que vai até a menstruação. É uma estação que nos lança para fora, na busca por atrair o parceiro e reproduzir; nesta fase, sentimo-nos sensual e no pico da sexualidade.
Durante a menstruação, o organismo trabalha intensamente para o transporte do sangue para o exterior do corpo feminino. É a fase que a mulher se torna mais introspectiva, voltada para dentro. É um descanso e recolhimento para acumular sabedoria. Para os nativos americanos, uma mulher menstruando tem o potencial de ser mais poderosa do que qualquer mulher ou qualquer homem, em qualquer momento.
Todos os meses, corpo e mente femininos têm a oportunidade de se purificar com a menstruação. Para que possam gerar filhos saudáveis, as mulheres realizam esta limpeza natural periódica. Mas isso não significa que a Natureza espera que todos os meses engravidemos, e sim, eliminemos toxinas. Sim, segundo a medicina ancestral Ayurveda, o período menstrual e seu processo são muito importantes para a mulher, porque purifica o corpo, recolhendo os detritos e as toxinas que se acumularam ao longo do mês, expelindo-os juntamente com o sangue menstrual.
É como uma oportunidade que a mulher tem de se colocar em contato com seus fluxos, sua criatividade, seus movimentos. Um estado de criatividade que só as mulheres possuem! Com total liberdade para utilizar esta capacidade criativa como melhor lhe convenha: para si mesma ou para os outros, para produzir ou para reparar, para criar ou para procriar.
Estes são esforços da Natureza a fim de ajudar e também sanar o que não se deve deixar de lado. Pois, poderão gerar bloqueios que se manifestam com transtornos do fluxo menstrual. A menstruação mobiliza os resíduos e toxinas do sangue, mas o resultado deste evento dependerá de como ocorra o alinhamento entre a mulher e seus fluxos.
Se passarmos o mês de forma descuidada e desconectada antes de menstruar, quando ela ocorre, o corpo terá que trabalhar arduamente para remover todas as toxinas acumuladas, advindas de uma má alimentação, altas doses de tensão e estresse, conflitos emocionais e diversas outras sobrecargas e estilo de vida inadequado, para promover uma vida harmoniosa e saudável.
O período que a mulher menstrua é um processo de revisão. De voltar o olhar atento para o mês que foi vivido e perceber se conseguiu vivê-lo de forma a manter-se íntegra para com sua verdade, ritmo e ecologia interior.
O organismo para executar sua fertilidade deve ser comparado a um campo a ser semeado. Devemos pensar na estação do ano, no próprio campo, na semente e no cultivo. O corpo é a estação do ano. O campo, os órgãos reprodutores. A semente, o óvulo. E o cultivo engloba diversos aspectos: o sangue, os hormônios e outras secreções, ou seja, tudo que nutre o óvulo e fertiliza o campo.
Uma infinidade de sintomas atribuídos à TPM são na verdade desequilíbrios do organismo como um todo, exacerbados no período menstrual. Se a menstruação assim aparece de forma dolorosa, com distúrbios nos fluxos antes ou durante, é melhor recolher-se para observar e repensar novas mudanças e uma nova forma de viver melhor e mais saudável. O corpo é uma pista que nos leva a compreender o que estamos fazendo em níveis não-físicos. O desequilíbrio menstrual aponta a necessidade de honrar a vida, de realizar ajustes.
Logo, o momento de se cuidar é antes da menstruação efetivamente acontecer. Nós temos toda força e poder para transformar absolutamente tudo o que quisermos, através de dedos de intuição (e não de suportes externos artificiais temporários). Se o corpo pedir, diminua, sim!, o ritmo e entre em contato consigo mesma para tornar-se uma mulher mais completa em sua própria natureza. E aconteça o que acontecer, respire, respire profundamente e mantenha o bom humor!
Como disse certa vez Mahatma Gandhi: “Temos de nos tornar na mudança que queremos ver”, “Se queremos progredir, não devemos repetir a história, mas fazer uma história nova”. Nós mulheres precisamos criar uma atitude mais positiva e de reverência a este sangue que deixa nosso corpo e nos purifica. Este sangue vermelho vibrante, cor da vida, da emoção dinâmica, da excitação, de eros e do desejo.
Acolhamos as estações pessoais de forma a encarar cada mudança como um processo de transformação e de muito poder que vem das entranhas. Sangrar mensalmente é sagrado. Exatamente porque é uma oportunidade de que o velho (mês que passou) morra, para que um renascimento ocorra (após ciclo). Um momento de se permitir renovar e consequentemente permitir que a energia feminina faça seu trabalho em nós. Tornando-nos mulheres mais sábias e conectadas com nossos próprios ritmos internos.
E não poderia deixar de dizer que o corpo da mulher é sagrado com todos os fluxos e humores nele contido. É um organismo fascinante. Portanto, cuidem-se. Cuidem-no. Amem-se!
--
Dica da Tamis:
Gosto de chamar essa brincadeira de Atentividade, que consiste em voltar toda a atenção da mente a observar a si mesma em todas as situações (pensando, sentindo, transando, andando, comendo). Lembre-se: ob-ser-var. Aumentando cada vez mais essa prática, você desenvolverá um delicioso “eu testemunha”.
Pintura de Rassouli
quinta-feira, 23 de junho de 2011
Gosto de desejo
Bocas entreabertas. Carícias de lábios suaves e línguas ávidas de sensações. Um beijo intenso que se inicia molhado e vagaroso. Um beijo que pulsa. Pulsa. Pul... sa.
terça-feira, 7 de junho de 2011
Saltando à vista
Olhou-me com seus olhos
Daquela maneira arregalada de surpresa esperada
Meus lábios faziam promessa
Da satisfação por ver o óbvio.
Daquela maneira arregalada de surpresa esperada
Meus lábios faziam promessa
Da satisfação por ver o óbvio.
domingo, 8 de maio de 2011
sexta-feira, 6 de maio de 2011
quarta-feira, 4 de maio de 2011
domingo, 24 de abril de 2011
Passarinha eu
segunda-feira, 18 de abril de 2011
domingo, 10 de abril de 2011
Percepção subliminar
Sou subliminar. Sozinha, perdida no mundo e dentro de si, como já dizia V. de Moraes.
quinta-feira, 7 de abril de 2011
Ser ou estar
Ser ou estar? Estar mais para ser? Ou ser mais para estar? Porque ser e estar são verbos infinitos de indagações.
sábado, 12 de março de 2011
Quem tem um sonho não dança*
Danço para seduzir a vida. É a linguagem da minha feminilidade. E a vida sorri maliciosamente pra mim.
*Homenagem ao saudoso Cazuza
quarta-feira, 9 de março de 2011
Depilação
Virgulino, cabra ômi da peste, de torso másculo e pés secos, seguia uma filosofia baseada nos textículos sagrados. Morreu aos trinta e cinco anos com fortes dores no saco.
terça-feira, 8 de março de 2011
segunda-feira, 7 de março de 2011
Sim e não. Jamais talvez!
A pensar na quantidade de nãos que deveria ter dito. Mas tenho certeza que se tivesse dito não, também ficaria a pensar nas inúmeras oportunidades surgidas com o sim.
domingo, 6 de março de 2011
domingo, 27 de fevereiro de 2011
Arremessa-te a vida
Deixo-o partir. Porque o amo. Jamais esquecerei o que sou em você e você em mim – falou a sábia mãe. Ele, mais alto, numa nobre demonstração cativante de benevolência, se curva e lhe beija a fronte.
Silêncio
quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011
quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011
Deixa que eu desplugo
Anda na rua. Olha. Vê. Anda na escola. Olha. Vê. Anda no trabalho. Olha. Vê. Anda na casa. Olha. Vê. Tá todo mundo conectado nos seus celulares, MP alguma coisa, notes da vida, I pede algo. Mas quando você olha e vê, tá todo mundo desconectado do aqui-e-agora.
Eu não acho isso bonito, não, senhor.
Eu não acho isso bonito, não, senhor.
segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011
domingo, 6 de fevereiro de 2011
quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011
terça-feira, 25 de janeiro de 2011
O que não existiu
terça-feira, 18 de janeiro de 2011
domingo, 9 de janeiro de 2011
Tácito
Madrugada forte. De sons tamanhos. Rodopiando à luz dos olhos. Numa conversa a sós. Consigo mesma. Ouvindo o invisível. Roçar sua pele. Tocar suas cores. Descortinando as maravilhas da própria beleza. Numa transparência nua e crua. Bordada dos sentimentos mais raros. E incrivelmente distante da margem de si.
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