quarta-feira, 30 de agosto de 2006

Determinismo Revisitado


Poema de um autor desconhecido:

"Fui ao meu psiquiatra - para ser psicanalizado
Esperando que ele pudesse me dizer por que esmurrei ambos os
olhos do meu amor.
Ele me fez deitar em seu sofá para ver o que poderia descobrir
E eis o que ele pescou do meu subconsciente:
Quando eu tinha um ano mamãe trancou minha bonequinha
no baú
E por isso é natural que eu esteja sempre bêbada.
Um dia, quando eu tinha dois anos, vi papai beijar a
empregada
E por isso eu sofro de cleptomania.
Quando eu tinha três anos senti amor e ódio por meus irmãos
E é exatamente por isso que espanco todos os meus amantes!
Agora estou tão feliz por ter aprendido essas lições que me foram
ensinadas
De que tudo que faço de errado é culpa de alguém!
Que tenho vontade de gritar: viva Sigmund Freud!"

Após o dia 1º de Outubro culpe alguém.

quarta-feira, 23 de agosto de 2006

sexta-feira, 18 de agosto de 2006

É preciso morrer para se tornar vivo


Ano passado morreu um senhorzinho. Foi um espanto coralista na vizinhança:
- Era um homem tão forte!
Uma das mais velhas fofoqueiras retrucou:
- Quem tem que ser forte, agora, é a mulher dele que precisa sustentar sozinha cinco barrigas.

O senhorzinho não dizia ao filho que o amava. Ele não comprava o livro que queria ler e mesmo assim atrasava o pagamento da conta de luz. Ele não contava para ninguém os seus problemas. Ele nunca chorava e raramente sorria. E por isso morreu engasgado.

segunda-feira, 14 de agosto de 2006

A arte da suruba-lounge


Segue abaixo o texto de Xico Sá. Ele é autor de "Modos de Macho & Modinhas de Fêmea" e "Divina Comédia da Fama". Além de colunista do P I S T A.


Nada daquela ignorância dos anos 70. Nada de penetrar no ambiente e fazer um estrago, mesmo sem ser convidado. A suruba-lounge é coisa requintada, um luxo da era das pastilhas, da camisinha e do chill-out. A suruba-lounge não é um bacanal óbvio e programado. Não guarda também nenhuma semelhança com o enfado e o gozo também óbvio do swing "profissa" das casas do ramo.

No novo gênero, tudo começa com beijos e pegações na pista, fim de festa. Beijo a três, por exemplo, é um excelente começo. E não se tira a roupa abruptamente, como na suruba convencional. Chupa-se um peitinho aqui, uma gazela faz um dengo oral acolá. Beija-se uma moiçola enquanto a outra comete o esporte de Onan... Tudo muito relax, tudo muito natural... Essa é a práxis.

Vem cá, Xico, mas alguém pode chegar às vias de fato para valer? Sem a menor dúvida, ora ora. Não há proibições. O que não pode haver é obrigatoriedade chata. E se tiver a presença do cantor e compositor Junio Barreto, o João Gilberto da suruba-lounge, tudo fica ainda mais decente. O safo é uma espécie de diretor de arte do gênero. Testemunhei uma cena que cairia muito bem no cinema, tanto na perversão dos sentidos de um Polanski quando na doidera de um David Lynch: JB apagou todas as luzes da casa e enfeitou cada bucetinha com um canudinho fosforecente e colorido.

A gente avistava só as bucetinhas-vagalumes. Lindas, meu Deus. Depois sorvê-las, como quem chupa, devoto e faminto, uma manga no escuro.

sábado, 12 de agosto de 2006

Às vezes, eu me pergunto por que sou assim tão calada. Se dentro de mim explode sensações, chove sentimentos e brota pensamentos. Realmente, eu não sei.


Esta noite, eu pensei em algo diferente. Não: pensei em algo de forma diferente. Sim. Sim, eu mudo de opinião constantemente e tenho nenhuma vergonha de dizer isso. Porque eu acredito que se mudo, logo existo e, é claro, isso reflete no que penso. Na verdade, resolvi escrever de modo diferente. Cansei do certo, ou melhor ainda, do certo que as pessoas acham. Resolvi escrever à minha maneira:

- Pergunta: Por que as pessoas se casam?
- Resposta: Para que possa existir uma testemunha da sua vida.


É! Eu pensei em casamento. Mas não pensei em casamento relacionado ao príncipe encantado, montado no cavalo branco, vindo resgatar a doce donzela presa no calabouço que lava roupa todo dia. Pensei, sim, que quero uma testemunha. Quero alguém que note a minha vida para que ela não passe despercebida. Alguém que possa ser meu parceiro. Alguém que goste de dançar, porque é preciso muito jogo de cintura para viver, ainda mais quando se divide a vida com alguém mesmo com uma vida individual. Ah, também pensei em filhos, porque os filhos seriam as testemunhas desse amor...

Filhos? Hoje em dia significa apenas UMA NOITE GOSTOOOSA!
Amor? Hoje em dia significa apenas UMA NOITE GOSTOOOSA!
Casamento? Hoje em dia significa apenas VÁAARIAS NOITES GOSTOOOSAS!

Aí, quando amanhece acabou.

FIM.

sexta-feira, 4 de agosto de 2006

Sem atropelações


Eu queria uma casa só para mim. Sentir a escuridão tocar na minha pele nua enquanto ando pelos cômodos. E naquele vai-e-vem vazio reencontrar as palavras que eu perdi.

terça-feira, 1 de agosto de 2006

ACORDAR
A-COR-DAR
DAR A COR

Manuela acordou as seis da tarde. Pela manhã, ela caiu da cama, se jogou da cama, mas continuou dormindo o dia inteirinho.
Marcos só acordou aos 57 anos de idade.
Larissa ainda não acordou para a vida.

Ah! A vida tem a cor que a gente pinta. Se logo ao acordar pensarmos que o dia será cinzento, com certeza será...