sábado, 14 de fevereiro de 2009

Poeira Humana

Ele não matava as mulheres. Apenas amava os seus interiores. Convivia com seus corpos durante meses. Abria, puxava, limpava, até tirar todas as gordurinhas indesejadas. Primeiro riscava-lhes delicadamente a pele e puxava devagarinho com vigor. Depois riscava mais profundo. E mais profundo. Vez ou outra sentia prazer em vê-las pulsar. Usava faca de cozinha para cortar-lhes toda a carne. E depositava seus olhos em recipientes, tal e qual bolas de gude. Só descansava ao ver cada osso intacto para os vender. Com o dinheiro que recebia, saía com suas garotas em busca do amor perfeito. Era, justamente, essa devoção que causava-lhes a morte.


Se não fosse pelo "t",
matava e amava
estariam embaralhadas
entre si.

5 comentários:

Anônimo disse...

O que posso dizer depois de um texto tão bem escrito assim??
Quantas vezes já me senti usada, arrombada, morta e cortada do fio do cabelo ao dedão do pé por homem que não me matou por fora, mas de esfaqueou por dentro.

Beijos querida

Salve Jorge disse...

Passava
Do amava
Ao matava
Como quem destrava
O caminho para a lava
Que com o tempo tanto se derramava
Que apagava todas as pegadas de quem passava
Por ali...

Felipe Fanuel disse...

Que horror!

Janete Cardoso disse...

Horror, Felipe? São palavras atropeladas, esqueceu? :D
Ah e pra dizer a verdade, também conheci uns caras assim... hunf!

Anônimo disse...

Flores e estrelas!