domingo, 3 de maio de 2009

Acondicionamento

Menina
Pai

Pai
Menina

Pai-menina

Menina-pai



Mesmo concentrada lendo o livro, ouvi uma voz doce cantar na poltrona ao lado. Era uma linda garotinha que inclinava seu corpo para ver melhor seu pai e musicava Aquarela, de Toquinho e Vinicius. O pai? Estava com os olhos vidrados no celular.

Passado algum tempo, ela ainda continua cantando a música e o pai indiferente a olhar para o objeto em suas mãos.

Quando estava próximo para eu descer, resolvi olhar novamente porque o som parara. E lá estava ela também vidrada no joguinho do celular, tal e qual o pai dela.



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Eis uma filha vencida pela indiferença, pela falta de estímulo, pela falta de olho no olho e pela falta de diálogo do(s) próprio(s) pai(s).

2 comentários:

Felipe Fanuel disse...

Não quero cometer o mesmo erro. Então, deixe-me cantar com a linda garotinha. Se lá não havia com quem cantar, aqui há...

Numa folha qualquer
Eu desenho um sol amarelo
E com cinco ou seis retas
É fácil fazer um castelo...

Corro o lápis em torno
Da mão e me dou uma luva
E se faço chover
Com dois riscos
Tenho um guarda-chuva...

Se um pinguinho de tinta
Cai num pedacinho
Azul do papel
Num instante imagino
Uma linda gaivota
A voar no céu...

Vai voando
Contornando a imensa
Curva Norte e Sul
Vou com ela
Viajando Havaí
Pequim ou Istambul
Pinto um barco a vela
Branco navegando
É tanto céu e mar
Num beijo azul...

Entre as nuvens
Vem surgindo um lindo
Avião rosa e grená
Tudo em volta colorindo
Com suas luzes a piscar...

Basta imaginar e ele está
Partindo, sereno e lindo
Se a gente quiser
Ele vai pousar...

Numa folha qualquer
Eu desenho um navio
De partida
Com alguns bons amigos
Bebendo de bem com a vida...

De uma América a outra
Eu consigo passar num segundo
Giro um simples compasso
E num círculo eu faço o mundo...

Um menino caminha
E caminhando chega no muro
E ali logo em frente
A esperar pela gente
O futuro está...

E o futuro é uma astronave
Que tentamos pilotar
Não tem tempo, nem piedade
Nem tem hora de chegar
Sem pedir licença
Muda a nossa vida
E depois convida
A rir ou chorar...

Nessa estrada não nos cabe
Conhecer ou ver o que virá
O fim dela ninguém sabe
Bem ao certo onde vai dar
Vamos todos
Numa linda passarela
De uma aquarela
Que um dia enfim
Descolorirá...

Numa folha qualquer
Eu desenho um sol amarelo
(Que descolorirá!)
E com cinco ou seis retas
É fácil fazer um castelo
(Que descolorirá!)
Giro um simples compasso
Num círculo eu faço
O mundo
(Que descolorirá!)...
Beijos!

Guria disse...

Eis aqui uma filha tbm vendida pela indiferença da mãe... não quero nem falar sobre isso.

Beijos