quarta-feira, 9 de junho de 2010

Arte

Ensaio sobre o pensamento tamaresco

Decepção. Eu acreditava em uma única pessoa. Jamais pensei que pudesse me desapontar com ela. Tenho intimidade com a intuição, porém não considerei seus alertas, pensava “Não, esta pessoa, não”. E mesmo assim ainda compreendo a falha dela. Ando confusa. Já não consigo mais distinguir a direção dos sentimentos. Às vezes, penso que estou decepcionada comigo mesma por não saber lidar com a situação. Ora ajo como se o problema não fosse meu (e realmente não é!). Ora ajo como se o problema fosse meu (mas também estou envolvida!). Aliás, não, não compreendo a falha, compreendo o que gerou a falha. Há várias alternativas e qual é a razão das pessoas escolherem sempre as mesmas? E pior, as erradas? Claro que as pessoas devem e podem errar. Sobretudo, certos erros podem e devem ser evitados. Porque é nítido que eles causarão sofrimento e arrependimento. Penso que quase toda gente deixou ter responsabilidade (uau, onde foi parar a sanidade moral, intelectual e cultural das pessoas?). Afinal, responsabilidade é a obrigação de responder pelas próprias ações. E, então, usam o famoso discurso: tudo que faço de errado é culpa de alguém. Muitos deixaram de agir e reagem a tudo e a todos, em cada minuto de suas vidas. Tornaram-se inertes, verdadeiras escravas das ocorrências. Definitivamente, não têm movimento próprio. Enquanto isso, eu cá estou, novamente, juntando caquinhos para criar um belíssimo mosaico.







As roupas que vestem de moral as intenções humanas
nos tornam prisioneiros de uma realidade que nos poda,
nos restringe e ameaça nossa sobrevivência. Poder enxergar-se
nu, no entanto, é uma traição ao animal consciente difícil de se bancar 
— NILTON BONDER.

2 comentários:

Ricardo Cambraia disse...

gostei muito "Ensaio sobre o pensamento tamaresco". Muito bacana! Sabe, tenho uma história de que sempre um sujeito vai comprar pão cedinho na padaria e no meio do caminho tem um buraco [ ou melhor seria? "No meio do caminho tinha uma pedra..."]. Enfim todo santo dia esse homem fazia o mesmo caminho e tropeçava nesse mesmo buraco, sabendo que ele existia...é simples, bem idiota essa história, mas tem gente que vive assim caindo sempre nos mesmo buracos, tropeçando nas pedras ou mesmo no próprio caminho.

Tamara Queiroz disse...

Realmente, as pessoas preferem cair sempre no mesmo buraco a contorná-lo ou saltá-lo.

Há um filme, Ricardo, que a personagem todos os dias pisa na mesma poça d'água. Vou tentar lembrar o nome...

B-jos